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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Agentes da Fundação Casa de Franca narram rotina de ameaças e medo

A briga ocorrida na manhã da última terça-feira, dia 11, na Fundação Casa de Franca ainda não foi esquecida por aqueles que trabalham na se­gurança da unidade. Naquela manhã, um grupo de cerca de 20 adolescentes iniciou uma briga generalizada durante uma aula. Para tentar conter os menores, os agentes de segurança e de apoio foram acionados. Ao entrarem na sala, viraram alvos de mesas e carteiras. Três ficaram feridos. O episódio foi apenas mais um capítulo da rotina de medo e ameaças que os agentes narram enfrentar. Segundo cinco deles ouvidos pelo Comércio, lidar diariamente com infratores não tem sido tarefa fácil. Avessos ao cumprimento de normas e ordens, é comum os adolescentes internos se revoltarem e atacarem os agentes. 

A Fundação Casa de Franca abriga hoje 64 menores. Boa parte condenada por praticar crimes graves, como tráfico de drogas e roubo a mão armada. É considerada uma unidade tranquila pela direção, mas para os agentes há muito a ser melhorado. “Somos constantemente ameaçados. Esses menores não estão lá de graça. Praticaram crimes. E não respeitam ninguém. Eu temo pela minha vida e da minha família por isso procurei a polícia”, disse um dos agentes que está na unidade há dois anos e já chegou a registrar três queixas de ameaça. Para ele, que não quis se identificar com medo de represálias, o ideal seria que o número de agentes por uni­dade fosse maior (ele não informou os valores por questão de segurança). 

Outro agente que trabalha na unidade desde 2011 também diz que já foi atacado. “Quando não deixamos eles fazerem o que querem, eles partem para cima. Eu já fui agredido. Mas, para mim, o pior é o que acontece fora da unidade. Uma vez, andando pelo Centro, cruzei com um ex- interno. Ele me reconheceu na hora e veio tirar satisfação. Eu estava com meus filhos pequenos mas ele não se importou. Só parou quando os seguranças de uma loja se aproximaram”. Para ele, o acompanhamento de ex-internos deveria ser feito de forma mais efetiva. 

Questionados sobre as medidas adotadas pela direção da Fundação Casa diante dessas ocorrências, os agentes dizem que, ao comunicarem uma agressão ou ameaça, normalmente os menores acabam transferidos para outros centros e tem os casos anotados em seus prontuários. “Mas não adianta porque logo chega mais um com a mesma conduta”, disseram. Todos também são orientados a registrar boletim de ocorrência na polícia, mas são proibidos de dar entrevistas à imprensa. 

Sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores em Segurança das Entidades de Assistência à Criança e ao Adolescente esteve na unidade de Franca na noite de quinta- feira para apurar as denúncias feitas pelos agentes. Segundo o diretor regional do interior, Alan Márcio Branquinho, realmente a situação é preocupante. “Estamos agora oficiando a Fundação Casa para que contrate mais pessoas. O número atual é insuficiente.”

Ele também recomendou aos agentes que foram agredidos ou ameaçados para que procurem o sindicato. “Vamos tomar medidas judiciais para garantir a integridade física de todos.”

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